Painel “Adaptação Climática e Periferias Urbanas” promove debate sobre desigualdades, território e sustentabilidade em Belém
Por Redação Foco na COP | 11 de novembro de 2025

Como parte da programação do Circuito Foco na COP30, o Painel 1 – “Adaptação Climática e Periferias Urbanas” reuniu professores, pesquisadores e representantes comunitários no Fórum Landi, em Belém, para discutir os desafios e perspectivas da adaptação climática nas cidades amazônicas, com foco nas periferias urbanas.

A coordenação foi da professora Roberta Rodriguez, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPA (FAU/UFPA), que ressaltou a importância de refletir sobre as desigualdades socioespaciais no contexto da COP30 e de valorizar o conhecimento das comunidades na construção de estratégias de adaptação climática. Ela destacou que “as cidades amazônicas precisam ser compreendidas a partir de suas realidades locais, suas memórias e modos de habitar o território”.

A pedagoga Inêz Medeiros, da Comunidade Vila da Barca, trouxe a perspectiva da educação popular e da mobilização de base, enfatizando o papel das bibliotecas comunitárias e dos espaços de convivência como ferramentas de transformação social. Para ela, “falar de clima é falar também de educação e de acesso — o direito à cidade começa pela valorização da vida cotidiana nas periferias”.

A bióloga Natasha Reis, da ONG Mandí, discutiu a relação entre juventude, gênero e meio ambiente, apontando que as mulheres têm sido protagonistas nas ações de resistência e adaptação frente às mudanças climáticas. Ela ressaltou que “a sustentabilidade precisa incluir as vozes das mulheres, dos jovens e das comunidades tradicionais”, reforçando a importância de políticas inclusivas e participativas.

A professora Monique Bentes, também da FAU/UFPA, trouxe reflexões sobre habitação social e justiça urbana, destacando que a adaptação climática passa necessariamente por moradia digna, infraestrutura básica e reconhecimento das periferias como territórios de saber e cultura. Segundo ela, “a periferia não é o problema — é parte da solução, se for ouvida e incluída”.

Encerrando o painel, o professor Juliano Ximenez, da FAU/UFPA, abordou os desafios do planejamento urbano e regional em Belém e nas cidades amazônicas. Ele observou que o avanço das obras e a pressão por modernização urbana precisam ser acompanhados de uma leitura crítica sobre os impactos sociais e ambientais. “Planejar a cidade é planejar também o futuro de quem nela vive, com equidade e participação”, afirmou.

Ao final, ocorreu um debate aberto entre os participantes e o público, que foi avaliado como muito proveitoso e inspirador. As trocas de experiências revelaram diferentes olhares sobre os territórios amazônicos e reforçaram a importância da cooperação entre universidade, sociedade civil e comunidades locais na construção de cidades mais justas e resilientes.